Ao contrário do que Cambridge pensava (crença que se tornou comum nos aracnólogos), as aranhas-pavão realmente não voa. As abas são usadas durante o ritual de acasalamento, durante o qual os machos, os únicos a possuírem estas abas, as abrem revelando o que é frequentemente um espectacular padrão colorido.
Mas então como é que se dança como uma aranha-pavão? Segundo um estudo feito com a espécie M. amabilis, o ritual começa quando o macho e a fêmea se reconhecem visualmente e se viram um para o outro. O macho de seguida levanta o terceiro par de patas (para os que não se recordam, as aranhas têm quatro pares de patas), levanta o abdómen e abre as abas coloridas. Após uma período de três minutos e meio em que o macho fica imóvel, começa a abanar as patas. A espécie M. pavonis faz a dança de maneira ligeiramente diferente, aproximando-se da fêmea com as patas no ar, só mostrando as abas quando está muito próximo.
Se as fêmeas, castanhas e pouco distintivas, acharem graça à demonstração, deixam o macho aproximar-se o suficiente para acasalar. Esta aproximação tem que ser feita com muito cuidado – uma fêmea que não ache piada à exibição do macho não se fará rogada para o transformar numa refeição! Se o macho vir que a fêmea não fica encantada com os seus atributos, bate em retirada com uma rapidez impressionante! Após o acasalamento, que pode durar até duas horas, o macho bate em retirada antes que a fêmea dê sinal de interesse… gastronómico!
Mas nem todas as Maratus são coloridas: o macho da espécie M. vespertilio tem uma cor quase tão discreta como as fêmeas, mas isso não o impede de usar as abas para exibição, mesmo que mais discreta, pois não levanta as patas como as outras aranhas-pavão. A cor deste macho é sobretudo castanha (com alguns toques de azul iridescente), talvez para o ajudar a camuflar-se no meio das folhas.
Hoje em dia estão descritas cerca de 7 espécies de Maratus, mas parece provável que o possam existir mais de 20, pelo que ainda há muito trabalho a fazer para conhecer os hábitos destas fascinantes aranhas. Como mostrados no vídeo:
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Referências
- Otto, J. C. and D. E. Hill. 2010. Observations of courtship display by a male Maratus amabilis Karsch 1878 (Araneae:Salticidae). Peckhamia 79.1: 1-16. (link)
- Otto, J. C. and D. E. Hill. 2011. Maratus vespertilio (Simon 1901) (Araneae: Salticidae) from southern Australia. Peckhamia 92.1: 1-6. (link)
- Waldock, J. M. 2007. What’s in a name? Or: why Maratus volans (Salticidae) cannot fly. Western Australian Museum. (link)
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